sexta-feira, 23 de maio de 2014

3 partes que o ilustrador iniciante não pode errar?

por David Tomás

Nada de graça para o cliente, você tem gastos também

Tudo bem! Quer experiencia, fique a vontade! mas cuidado com o que você está fazendo! Pois esse é um dos fatores mais idiotas que eu já vi em ilustradores iniciantes e outra, existe formas mais legais de fazer e evitar dores de cabeça logo no começo de carreira.

Primeiramente, se quer começar logo de cara parte para um estilo, mas para isso pesquise e crie algumas pastas no Windows Explorer na vida com pastas para saber qual mercado de ilustração quer partir e dai faça ilustrações para, melhorar seu trabalho.

Se quiser, sugira para clientes aos arredores no bairro alguma proposta de trabalho para criar seu portfólio e junte grana para comprar materiais (Stephen Silver que deu a dica, veja o link aqui), ou então se sua família tem empresa, comece a criar algo para eles, já que quer portfólio profissional, nada mal para começar.

Outra maneira é entrar em financiamentos criativos, esses sim estão ajudando a entrar no mercado, produza sua publicação de quadrinhos ou um livro de ilustração e entre outros trabalhos que pode ser feito, mas se acha trabalhoso (que isso não é feito da noite pro dia), faça uma produção independente, mas com qualidade, para entrar no mercado.

Mas a partir do momento que vem empresas grandes, pequenas e médias se aproveitar disso! aí sim você sai perdendo porque seja estabelecimentos de produtos ou serviços, a maioria delas sempre sai ganhando. 

O motivo é justamente saber que você é um bom ilustrador, mas você nem sequer não tem noção do mercado e como funciona realmente.Por isso busque informações de tabelas de preço, de processos de trabalhos, tire dúvidas com profissionais da área e fique atento como uma coruja no escuro, porque você pode entrar num buraco que não volta ou tentar recuperar o prejuízo de sua reputação no mercado que deve ser levado a sério.

Reveja seus preços e suas formas de pagamento

Outro erro e bem comum nos iniciantes, é  não saber dar preço e eu já fui prejudicado com isso em alguns momentos! Muitos ilustradores acham que fazendo baratinho vai facilitar a entrada do mercado e depois pode aumentar o preço, mas essa lógica não funciona assim.

Primeiramente preço abaixo do mercado é prejudicial porque justamente você não tem noção de um trabalho que pode ser trabalhoso, porque nem sempre o preço baixo é escolhido pelo cliente, depende muito de seu estilo, do seu prazo e do seu valor.

Pesquise alguns ilustradores com preços e com traços variados e analise se realmente vale a pena, porque não basta colocar o preço e pronto, tem o tempo de produção, se caso usa o computador para fazer esse trabalho ou matérias caros para ter um bom resultado

Prazo são rápidos, mas analise o trabalho.

Você pergunta "é para quando" e o cliente "é para ontem", não caia nesse outro truque, essa é uma das frases chatas que ocorrem nas negociações e se você fizer sem receber piorou...

Analise com o orçamento, pois ele é seu companheiro de ajuda e é ele que vai dizer se o cliente quer ou não o serviço, se caso querer alguns clientes "espertinhos" vão fazer de tudo para baixar o preço, criar prazos rápidos demais e até mesmo não pagar o valor.

Então seja sincero e fale que um determinado tipo de trabalho tem um prazo, se o cliente exigir pressa, refaça um orçamento com uma taxa de adiantamento, isso é valido e mesmo assim fale do prazo e acerte de forma mais legal possível para fazer isso. Não caia na onde de pegar o dinheiro rápido demais, a pressa é inimiga da perfeição, o grande problema é que o dinheiro é a melhor amiga da pressa e você pode se dar mal com um resultado nada satisfeito.

Mas se o cliente for justo e você demorar demais, ai não dá também, você precisa aprimorar seus trabalho e ver cada tipo de trabalho há um prazo determinado que você deve analisar.

Links:
Stephen Silver - Proteja sua carreira artística:
http://www.youtube.com/watch?v=b_Nt_2-CzGI
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL:
http://portaldoilustrador.blogspot.com.br/2011/04/valorizacao-profissional.html

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Entrevista - Grupo de Ilustração Cientifica e Biológica da UFC

Com exclusividade, um grupo de estudantes da UFC montaram um grupo especifico de ilustração cientifica e para explicar sobre o projeto e algumas coisas relacionada ao assunto, é Marcos vieira, um dos responsáveis desse encontro:os Vieira


Como surgiu o Grupo de Ilustração Cientifica e Biológica da UFC e quais são os objetivos desses encontros que ocorrem na universidade?

R – O grupo surgiu em 2013, sendo uma iniciativa dos alunos da graduação (Heberson Menezes, Pedro Igor e Victor Távora). Que tinha a intensão de reunir desenhistas existentes no curso de Ciências Biológicas, coisa muito comum, já que muitos guardam como um segredo a habilidade de desenhar. E estas revelações sempre ocorrem em aulas práticas de laboratório de botânica ou zoologia, exatamente quando algum colega começa a te apontar, no meio do laboratório fazendo diversos elogios e quando menos se espera a sala inteira esta olhando seu caderno de desenho (pelo menos isso me deixava muito envergonhado). No geral, os objetivos do grupo são de melhorar a percepção dos estudantes sobre organismos vivos, aumentando as habilidades de detalhamento. Além de estimular o interesse em outros estudantes, já que muitos querem desenvolver técnicas mais simples como apenas desenho básico, proporções, perspectiva, ate atividades mais complexas, como escalas, conservação de material e diferentes técnicas com nanquim.


A ilustração Cientifica é uma categoria de ilustração ou é uma categoria ligada a um ou outros cursos de graduação? Existe inclusive uma certificação oficial ou específica para se fazer esse tipo de trabalho? seja nacional ou internacional.

R – A ilustração cientifica é uma linguagem internacional, que possui o intuito de representar estruturalmente um material orgânico, com uma liberdade artística. Ela se enquadra como uma categoria de ilustração, mas existem cursos de graduação em grandes universidades no país, que adotam a ilustração cientifica como uma disciplina em sua grade curricular.

Quais são as categorias que esse tipo de ilustração está inserido? Existe também especificações técnicas em cada uma delas de interpretação para a sociedade e qual a importância desse tipo de trabalho?

R – Existem especificações dentro dessa modalidade de ilustração, sendo elas ilustrações medica, botânicas, paleontológicas, entomológicas e outras. Temos especificações técnicas sim, como no caso da botânica que possui uma exigência muito maior, seguida de inúmeras regras de como desenhar. Já em zoologia existe uma liberdade maior para o desenhista (obvio que ninguém pode fazer uma prancheta com ilustrações surrealistas ou abstratas, pois existe um limite e deve ser respeitado). Além dos trabalhos realizados para os próprios departamentos, existem as especificação para as publicações, onde normalmente se publica em preto e branco, por isso se faz bastante uso do nanquim.
Para a sociedade temos uma transversalidade de temas, onde seguem juntas a ciência e a arte. Podemos lembrar as obras criadas no período das expedições portuguesas, os registros ilustrados da diversidade da Mata Atlântica e as belas ilustrações medicas. Mas você poderia pensar que uma fotografia, ou um vídeo podem realizar os mesmos registros, sim isso é um fato, entretanto existe uma coisa que somente a ilustração proporciona, a capacidade de modelar o real.


Historicamente falando, a ilustração científica desde os tempos do Renascimento, mudou muita coisa desde o seculo passado, no ponto de vista do grupo?

R – A história influencia de qualquer maneira na nossa atualidade, e com a ilustração cientifica não foi diferente, um exemplo: no período onde apareceram as primeiras escolas naturalistas, eles utilizavam uma grade fixa para ter uma proporção projetada do objeto real. Atualmente podemos simplesmente fotografar e criar a escala com auxilio de editores de imagem. Ou ate mesmo com um aplicativo pelo celular. Creio que o trabalho ficou mais facilitado, porem, não menos valorizado.

Como é o mercado de ilustração científica no Ceará? Existe inclusive projetos da UFC, empresa ou outras entidades que financiam esse tipo de trabalho para os alunos entrarem no mercado de trabalho?

R – Atualmente o mercado é muito restrito a universidades, onde muitos laboratórios de pesquisa marinha, zoologia, herbário, entre outros, possuem um estudante do próprio departamento trabalhando para eles. O que muitas vezes limita na admissão de um novo bolsista. Entretanto o aluno da universidade que tem o interesse e a disponibilidade de tempo acadêmico na área tem um favorecimento profissional, pois diversos olhos passam a conhecer suas ilustrações. Este aluno possui a opção de mostrar seu trabalho em congressos ou encontros nacionais, estas ações facilitam o reconhecimento do estudante como um profissional.


Existe no Brasil e no mundo alguns nomes importantes na área de ilustração cientifica, como referência?

R – sim, temos Diana Carneiro, Marcos A. Santos Silva, Pedro Salgado, Leandro Lopes, Tomas Sigrist e muitos outros.

Existem projetos que o Grupo de Ilustração Cientifica e Biológica da UFC pretendem fazer futuramente no Ceará ou fora do estado?

R – Existe o Encontro Nacional de Ilustração Científica, um encontro anual com a presença de diversos estudantes, mestre e doutores. Talvez neste ano possamos participar deste evento levando um pouco do nosso trabalho para um encontro nacional. Além desse evento, pensamos em estabelecer uma comunicação com outras universidades, que atualmente não existe com uma grande frequência.


Vocês querem dar algum recado para os ilustradores cearenses que pretendem fazer ilustração científica?

R – Como toda profissão, a ilustração cientifica também possui seus altos e baixos, e exige bastante do desenhista, pois estamos trabalhando com um material que futuramente poderá aparecer em um artigo cientifico, em pranchetas didáticas para outros estudantes, ilustrações em livros, ou revista cientificas. E tudo isso pede uma responsabilidade muito grande de saber representar graficamente. A parte boa é que tudo isso é técnica e que se adquire com muito treino.
Se você tem interesse pela área, comece a ter uma percepção mais detalhista de um inseto, por exemplo, ou de uma concha coletada na praia, ou ate mesmo de uma simples folha caída no chão. Pois muitas vezes pequenos detalhes realmente fazem diferença para esse ilustrador.



Informações:
As reuniões acontecerão as sextas feiras no horário de 13:00 às 14:00 horas (Dept. de Biologia - Bloco 906, Laboratório de Botânica). O grupo é aberto a quem se interessar.

Grupo de Ilustração da UFC - Facebook:
Link: Clique Aqui.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Depoimentos - O mercado de ilustração é forte em fortaleza?

Algumas pessoas perguntam, o mercado de ilustração em Fortaleza é favorável? Quais são as dificuldades de conseguir se manter nesse mercado e o que precisa para ser melhorado? Há também uma outra questão, apontada por associações e entidades, da categoria não ser registrada no ministério do trabalho por lei.

Buscamos alguns ilustradores cearenses para responder essas questões e esclarecer uma visão de como funciona esse mercado, veja alguns depoimentos:


"Posso dizer pra você que é necessário para o ilustrador - de qualquer lugar do mundo - valorizar o seu trabalho , agir com seriedade e exigir do cliente em proporção ao que ele está oferecendo. Existem clientes picaretas, mas esses clientes são dispensáveis."
João Marreiro, ilustrador freelancer e fundador do fórum de quadrinhos do ceará.



"Se favorável, no caso, significar “fácil”... Não. Não é favorável. Como em todo mercado, ele é difícil de entrar e difícil de se manter, porém, se você for bom e persistir naquilo que faz... Sim, ele se torna favorável."

"As dificuldades são inúmeras. Vou listar alguns percalços no meio do caminho de todo ilustrador: o primeiro (e talvez o mais importante) é que todo ilustrador trabalha com arte e isso sempre vai ser uma discussão pertinente no que se refere ao valor da obra (tanto valor artístico, como valor financeiro) porque são duas coisas que não se pode separar. Viver de arte implica se manter dela, enfim...​ O segundo ponto é que o mercado não está preparado para trabalhar com ilustração. Seja por falta de conhecimento, ou até mesmo por amadorismo do próprio ilustrador. ​O terceiro ponto é que não existe uma regulamentação ou legislação para a profissão de ilustrador. O mercado e o artista geralmente não estão em sintonia e por isso alguém sempre sai perdendo. A melhora do mercado se daria com a regulamentação da profissão, com tabelas de preços, registros e legislação corretos para que o profissional de ilustração qualificar-se e se manter-se no mercado."
Tiago Amora, diretor de arte da Adax Publicidade.


"A ilustração no geral é bastante desvalorizada na nossa cidade. Os clientes chegam com um orçamento fixo, e infelizmente não há oferta o suficiente para que se possa recusar ou negociar. Na melhor das hipóteses eu tinha que escolher as propostas que não me trariam prejuízo."

"Não tenho como afirmar como poderíamos melhorar, pois os fatores que influem nesta desvalorização fogem muito da influencia do ilustrador. São fatores culturais, que infelizmente se retro-alimentam e só pioram. Como dizer para um ilustrador iniciante que ele não deve pegar um trabalho ruim? O sujeito não tem currículo, não tem contatos nem recomendações e vê numa proposta abusiva a única maneira de se inserir no mercado e conhecer pessoas."

"Acho que uma associação poderia ser um bom começo de mudança. A classe de artistas no Ceará é muito desunida, e as empresas (de uma forma geral) se aproveitam muito desta desorganização. Talvez se os artistas fossem vistos como uma classe forte e unida ganhássemos um pouco mais de respeito."
Kaléo Mendes, Ilustrador Freelancer


"Fortaleza é uma cidade que transborda artistas em uma seca de mercado. Admito que conheço muito pouco sobre as associações, coletivos e demais entidades da categoria que atuam no estado, apesar de ser amigo de várias pessoas nesses grupos. Considero muito importantes essas representações, pois percebi que com a criação das mesmas a cidade gradualmente se encheu de cores. Seja na cidade física em seus eventos e espaços ocupados, seja na cidade digital de blogs e redes sociais, os coletivos e associações mostram que a veia das artes visuais de Fortaleza ainda pulsa forte. Mas tem o nosso difícil mercado."

"A maioria das propostas de ilustração que recebi nos últimos anos vieram mais de outras cidades do que da minha própria. Isso se deve em grande parte, com certeza, à concorrência local: tem muito ilustrador e muita ilustradora aqui na cidade com sangue no olho e uma produção linda fazendo o seu nome, e acho isso muito massa. Outro problema que vejo, e esse é um clássico em qualquer discussão entre artistas, designers e demais freelancers, é a "pechincha" por parte dos clientes que às vezes acaba afastando ilustradores."

"Uma das soluções que encontrei pra conseguir botar meu trabalho no mundo foi vender minha produção por conta própria: camisetas com estampas autorais, por exemplo, estão muito em alta hoje pela facilidade de produção e público aberto a produtos exclusivos. Outra solução foi eu me juntar a um grupo de amigos e produzir nossa própria publicação, para a qual escrevo, ilustro e produzo quadrinhos. Ilustrador fortalezense é guerreiro que não desiste: se ninguém nos procura, vamos atrás dos nossos caminhos!"
Rafael Salvador: Membro da Oficina de Quadrinhos e Editor de Arte da Revista Berro



"Lidar, especificamente, com ilustração, em Fortaleza, é possível, embora se trate, comparativamente, de algo ainda exíguo. É possível trabalhar ilustrando publicações materiais e virtuais, além de diferentes produtos. Porém as oportunidades ainda não são fazem jus ao número de interessados, ou mesmo ao potencial que essa linguagem tende a oferecer".

"Manter-se nesse mercado prototípico requer não só disciplina, no que diz respeito ao cumprimento de prazos e outros aspectos, como inventividade no que concerne, principalmente, à busca e formação de novos clientes".

"Sobre a ausência de entidades devidamente regulamentadas, embora elas tenham a contribuir, não direi que lamento. Pois, para mim, seu estabelecimento vem na carona de outros avanços (estes sim bem mais urgentes)".
Diêgo Silveira Maia, Ilustrador Freelancer e membro da Oficina de Quadrinhos da UFC.



"AUSÊNCIA DE RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO E VALORIZAÇÃO, 

DESUNIÃO DOS ILUSTRADORES"
Cival IEinstein, Caricaturista e Chargista

Na próxima sexta-feira, haverá uma serie de postagens sobre o processo de mercado de ilustração e suas alternativas para conseguir manter um trabalho que requer muita dedicação, perfeição e atenção.

Links para consulta:
Fórum de quadrinhos do Ceará: http://www.fqce.blogspot.com.br/
Sociedade dos ilustradores do Brasil (SIB): http://sib.org.br/
A Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais (Abipro): http://www.abipro.org/
Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ): http://www.aeilij.org.br/
Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) / Ilustração:
http://www.sindjorce.org.br/exercicio-da-profissao/ilustracao
Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB): http://www.chargeonline.com.br/
Troféu HQ Mix - Tabela de preço, modelo de contrato e como fazer o orçamento:
http://www.hqmix.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=26&Itemid=40

Entrevista com Arievaldo Viana (CE)

por david tomás


Uma entrevista com Arievaldo Viana, um grande Chargista Cearense, que fez varias ilustrações para quase todos os Sindicatos do estado e ainda foi premiado pelos seus trabalhos. Essa entrevista foi feita durante uma conversa numa rede social que começou no dia 23 de maio de 2013.

O motivo da entrevista foi justamente para levar a historia dele e outros para a 2ª Jornada Internacional de Quadrinhos, que vai ser sediado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), um dos temas foi sobre "sindicalismo em quadrinhos", na categoria quadrinhos e sociedade, que foi um dos selecionados. A historia é tão maravilhosa, que foi colocada no blog e um grande artista que também é cordelista, que tem que ser lembrado e é conhecido lá fora.

E durante a entrevista, ele mostrou trabalhos antigos de uma publicação que nem foi lançado ainda, mais não vou falar muito e lê essa entrevista bacana e fotos cedidas para publicação do artigo, eu agradeço pela ajuda, agora vamos seguindo a entrevista desse grande artista:

1 - Conte um pouco de sua vida, junto com ela a ligação do desenhos e como conheceu a história em quadrinhos.


ARIEVALDO – Nasci no Sertão Central e me criei numa fazenda a luz de lamparina. O único meio de entretenimento era o rádio e os folhetos de cordel, mas eu gostava de desenhar desde os três anos de idade, quando me deram a primeira caixa de lápis de cor. Por falta de outras referencias, eu desenhava coisas do cotidiano...bichos, objetos ou tentava reproduzir gravuras dos poucos livros a que tinha acesso. Somente aos dez anos vim para a cidade (Maracanaú – Maranguape – Fortaleza) e travei contato pela primeira vez com o desenho animado e a revista em quadrinhos. Foi uma descoberta e tanto... Um dos trabalhos mais marcantes dessa época é a revista OS TRAPALHÕES, que era desenhada por vários cartunistas brasileiros sob o comando de Ely Barbosa. Cada um tinha seu próprio estilo, não havia aquela padronagem exigida pelos quadrinhos americanos, além de tratar de temas bem brasileiros. Gostava também de Jeronimo – o herói do sertão, que voltou a ‘galopar’ em 1979, desenhado pelo Edmundo Rodrigues, um cartunista paraense que muito me influenciou. Meu primeiro personagem foi um sertanejo chamado Nonato Lamparina, um cangaceiro fora de época, situado nas décadas de 70/80, às voltas com a seca, bolsões de miséria, governos corruptos, fim da ditadura militar etc. É claro que eu ainda não tinha muita consciência política, então recebia orientação de um pessoal de esquerda que criou um jornal em Canindé, em 1982. Foi nesse jornalzinho que eu publiquei meus primeiros trabalhos.

2 - Como tudo começou a carreira de chargista no movimento sindical?

ARIEVALDO – Como disse anteriormente, passei minha adolescência em Canindé e colaborei cm diversas publicações. Cheguei a fundar um fanzine chamado TRAMELA, que circulava mensalmente e criamos um Salão de Humor Nacional que repercutiu em todo o país. Dessa turma de cartunista apenas eu e o Klévisson (meu irmão) continuamos a desenhar profissionalmente. Mas havia uma turma talentosa: Nildo e Neuzo Bento, Hagamenon, dentre outros. Depois surgiram Jardel, Fabiano, Lourival, todos em Canindé, na esteira desse movimento. Em 1992 mudei-me para Fortaleza e passei a colaborar ativamente com as publicações do movimento sindical, a convite do jornalista Tarcísio Matos. Comecei no Sindipetro-CE, depois SINTAF, SENECE, SINDSAÚDE... tive uma rápida passagem pelo Sindicato dos Bancários e fiz também muita charge para os Comerciários. Tenho tudo isso reunido num livro ainda inédito: 20 anos da história do movimento sindical cearense pela ótica de um chargista. Fiz uma triagem em meio a mais de 500 charges e extraí as cem que considero mais representativas. O período em que fui mais produtivo foi durante o (des) Governo FHC. Ali era prato cheio para qualquer chargista. Publiquei muita coisa numa revista chamada PÉROLA NEGRA, que era editada pelo Sindicato dos Petroleiros.



3 - Quais foram os principais sindicatos que você trabalhou e seus trabalhos favoritos?

ARIEVALDO – Dos sindicatos eu já falei, na resposta acima. Gosto muito de uma série de tiras chamada PAPANGU & MOFOFÓ, uma bodega ali pras bandas do Mucuripe, imediações da LUBNOR, onde tudo acontecia. 


Tem também um trabalho muito legal que fiz no SINTAF, umas tiras de um personagem chamado FAZENDINO, espécie de mascote da entidade, que era um bode. É que antigamente os servidores estaduais eram chamados de BARNABÉ. Então fiz o bode mas não botei esse nome, porque seria muito óbvio. Tem umas charges que fiz sobre privatização que são históricas.


4 - Fale de alguns dos personagens criados por você e do contexto social que ele era ligado ao público do movimento sindical que acompanhava ou era retratado.

ARIEVALDO – No Sindipetro existia o PINGA-FOGO. Quando cheguei lá esse personagem já existia, mas não tinha uma personalidade definida. Era um bonequinho com a cabeça de chama, tipo tocha. Como estava muito vinculado a determinada diretoria do sindicato, foi abolido. Depois dele, vieram a dupla PAPANGU & MOFOFÓ que era um sarro, porque era um peão alienado e um bodegueiro politizado. O choque entre ambos sempre resultava em boas tiradas.


5 - Além da charge sindical, você fez outras publicações ligada a quadrinhos, publicações de jornais, revistas etc?

ARIEVALDO – Colaborei por dois anos 1983 a 1985 no caderno DOMINGO, do Jornal O POVO, com tirinhas do Nonato Lamparina e do Aparício Bafo-de-cana. Faz tempo que deixei de desenhar esses personagens. Depois veio o CURUCA, em parceria com o Klévisson, que é um menino véi cearense esgalamido, capaz de comer até rato. Numa tira, ele deitado quando a mãe dele diz: - Cuidado, Curuca, caiu um rato na sua rede!!! E ele responde: - Caiu na rede, é peixe! Curuca surgiu antes do FOME ZERO e do BOLSA FAMÍLIA. kkkkkk

6 - Você continua trabalhando nesse movimento sindical? Quais os motivos?

ARIEVALDO – Foi uma questão opcional. Eu tive convite para trabalhar em meios de comunicação oficiais, mas sempre preferi a imprensa alternativa, por ter mais liberdade de expressão. Não gosto de ter a minha criatividade policiada. Quando a diretoria de determinado sindicato começa a dar palpite demais no meu trabalho eu simplesmente para de fazer as charges. Ou então, por questão de sobrevivência (tenho 4 cumedôzim de rapadura) eu ‘amarro o burro na orelha do dono’. Faço do jeito que o fregues pede e nem assino a peça.

7 - A importância da charge ou propriamente dito o, a histórias em quadrinhos para essa sociedade que faz parte desse movimento sindical?


ARIEVALDO – Muito grande. Um boletim com charge ou quadrinho é 100 vezes mais atrativo. Mesmo nesse período de internet, de boletins virtuais, a charge ainda é um barato. Perdi muita coisa, consegui armazenar apenas um terço do que produzi ao longo dos últimos 25 anos, mas, mesmo assim, tenho mais de 500 trabalhos entre charge, quadrinho e cartum.

8 - Conte um pouco da história de criar o livro "Traço Operário"? Ele foi lançado?


ARIEVALDO – O ‘TRAÇO OPERÁRIO’ continua inédito por falta de editor. Os sindicatos é que deveriam bancar esta publicação, pois afinal de contas, conta a sua história. Ainda não tive tempo de cair em campo para ‘vender’ essa ideia, porque desenvolvo outras atividades.

9 - E fora os quadrinhos, faz outra atividade?

ARIEVALDO – Trabalhei 10 anos em agência de propaganda, antes e depois do computador. Passei da prancheta para o Corel Draw versão 2.0! O que a gente levava dois dias para fazer na prancheta, fazia em duas horas no computador, depois do scanner. Mas nunca abri mão da prancheta. Todos os meus desenhos são feitos antes com nanquim e só depois é que são vetorizados e coloridos no computador. Escrevo literatura de cordel desde menino e tenho cerca de 30 livros publicados por várias editoras, a maioria em cordel. Mas também atuo como prosador.

10 - E o que você sabe um pouco sobre a historia do movimento sindical cearense?

ARIEVALDO – Tenho acompanhado de perto, bem de perto, os últimos 20 anos do sindicalismo cearense. E sei bastante como foi a luta nos anos de chumbo da Ditadura Militar. Gosto de conversar com os mais velhos, os dirigentes aposentados que enfrentaram os milicos. Tem muita história interessante.

11 - Você conhece outros chargistas sindicais que fizeram parte do movimento sindical cearense?

ARIEVALDO – Sim. Tem o Zhelio, a Meg (que não sei por onde anda), o Cosmo e o Damião, dos Bancários, o Klévisson, que ainda hoje faz charges para o movimento sindical... Não sei se o Guabiras e Válber também desenharam na imprensa sindical, mas tenho a impressão que sim.


12 - E suas influências de desenho humorístico ou desenho mesmo, de modo geral.

ARIEVALDO – Como disse anteriormente, o ponto de partida foram os quadrinhos dos TRAPALHÕES e a revista do JERONIMO, além das charges do Sinfronio, no jornal O POVO. Pesquisei muito J. Carlos, Belmonte, K. Lixto, Luiz Sá, Mendez e outros desenhistas da velha guarda. Depois passei a me ligar em Laerte, Angeli, Bira, irmãos Caruso, Biratan, J. Bosco, etc. Passei uma fase muito ligado em Asterix, o Gaulês e cheguei mesmo a participar de um Salão de Humor na Bélgica, onde tive um trabalho premiado e publicado no catálogo da exposição (Os dois únicos brasileiros além de mim eram o Erico Junqueira, do Maranhão e o Santiago, de Porto Alegre). Hoje eu gosto muito do Crumb, Milo Manara e no Brasil, do Jô Oliveira, meu ilustrador favorito e parceiro em vários trabalhos. Recentemente estive com Santiago, Jô Oliveira e Edgar Vasques, no RS. Foi um encontro bacana, de muitas relembranças.




para conhecer mais o trabalho desse grande artista, acesse o link do blog e do facebook:


Dicas para Ilustrar na faculdade de publicidade.

por David Tomás

Você já percebeu uma coisa? o curso de publicidade é escolhido por alguns ilustradores iniciantes. Mas o grande problema é que o curso de comunicação social nem sempre fica no desenho, alias falei uma besteira tremenda! Vou corrigir, a faculdade não te ensina a desenhar? Para aqueles que querem aproveitar a graduação ou o atraso dela (pelo menos eu estou na metade do curso à pelo menos 5 anos na metade do semestre), vamos seguir algumas dicas que eu costumo fazer e que adotei para ser um bom ilustrador e vai por mim, você vai ver com outros olhos o que é faculdade realmente para um ilustrador e com exemplos legais que muitos iniciantes ficam frustrados e tristes, mas vamos direto ao assunto e seja feliz.

ASSOCIE A PUBLICIDADE COM ALGUMAS CADEIRAS ACADÊMICAS.

Uma das coisas que busco fazer ultimamente é associar coisas de ilustração as matérias de publicidade, uma delas foi um trabalho do no curso de Criação Publicitária, onde envolve criatividade de imagem e texto.

Nisso alguns alunos pensam em fazer slides e eu estava odiando fazer slides, porque são trabalhos chatos para caramba e alguns quiseram fazer impressos de propaganda, peças de teatro etc. e passei uma semana pensando naquela chatice publicitária, só para lembra a ideia era pegar algumas partes do texto de um livro muito bom sobre criatividade publicitária que eu não me lembro agora.

No dia da apresentação, justamente nesse dia! Penso em fazer algumas tiras e charge de historia em quadrinhos e alguns trabalhos ficaram bom e outros nem tanto, mas quando apresentei não tinha acreditado que tirei a nota máxima e ainda pensei "Será que eu estou deixando de lado o desenho"?


Foi nisso que eu pensei, porque esse é o potencial que pouquíssimos professores bons esperam de você, pois isso me trouxe um animo muito bom e me fez entender que a ilustração estava na minha veia e usar ela a meu favor, então faça ilustrações a seu favor e mostre que você tem talento para juntar comunicação visual e escrita, esse é um dos pontos que um profissional de ilustração, designer e outros profissionais de criação precisam entender, a comunicação para interpretar anúncios, livros infantis e outros fatores para trabalhos de ilustração.

FUJA DOS PITACOS PUBLICITÁRIOS / ACADÊMICOS.

Uma das grandes chatices do curso é ter aqueles publicitários e acadêmicos, que falam muitas dicas desnecessárias e quer que mude isso e aquilo sem necessidade e assim vai. Calma aí e vamos direto ao ponto! Primeiramente! Deixe o som passar do ouvido para o outro e ainda ir para fora. Segundo! Escute pessoas da área que realmente entendem ilustração, independente deles desenharem ou não, mas que trabalha na área ou que simplesmente desenha bem e que possa ajudar. Estou em um trabalho de fotografia e um amigo que trabalha em agência sugeriu que fizesse algumas ilustrações e isso é uma opinião valida, outro falou que posso melhorar trabalho com esse técnica e fica mais temático, isso é opinião crítica para melhorar seu desempenho.

SEJA EXPERIMENTAL EM SEUS TRABALHOS

Outro ponto é os famosos clichês, um deles é sempre fazer trabalhos monótonos como "vamos fazer um banner" ou "vamos num impresso, é mais simples". Cara, na boa! Você acha fica somente nisso, você vai ser bom? Se você acha isso é uma grande chatice, acerto! Seja ousado, busque criar ilustrações de jogos digitais ou de tabuleiro (advergames são uma boa), faça um Toy Art, crie animações e entre outros fatores para evitar mesmices e chatices de design monótono, que são aqueles que já estão manjados, seja bom e bem melhor no traço, não é errado e busque também ser um bom ilustrador atualizado.

FIQUE NO PATIO OU NA SALA ILUSTRANDO

Na minha faculdade tem um espaço para as pessoas comerem um lanche, bate-papo e estudar. Eu sempre levo um notebook, sketchbook e algumas folhas para fazer desenho e treina técnicas, sempre aproveito esses trabalhos. Também busco salas vazias para buscar minha solidão para desenhar até a chegada do professor. Por isso aprimore técnicas tanto tradicionais quanto digitais, para que você seja bom e ter mais confiança em seus trabalhos e projetos que você pretende fazer.